2 de fevereiro de 2014


Inconstância
Suzette Rizzo

Ele fala da beleza do mar.
Que mar?
Em qual dos mares se banha?
Fala incognitamente,
mente,
mas minha alma esperta
 pressente.
Ele namora os atalhos,
procura nas flores,
amores
e desfruta os presentes.
Talvez seja inconseqüente,
mais ainda do que penso,
mas sabe prender...
E prende.

Suzette Rizzo
Saturday, February 01, 2014
Lavando a alma
Suzette Rizzo
 
 
De mim, chove solidão...
molha o rosto, a blusa, o chão.
De mim, surgem idéias iludidas
e vez ou outra inspiração.
Minha alma passeia no sono
abraçada aos meus motivos,
são encontros que impulsionam
a outros pontos não mais vivos.
De mim, chovem todas as águas;
De rio, de mar, misturadas
e chove um medo cor de piche
e chove dor da cor do sangue.




De mim, chove a vida que carrego
outras que carreguei,
chove o que causei ontem,
e o bem, antes de hoje ser.
De mim, chove agua filtrada
que rega meus verdes,
limpa o solo em que piso,
e lava o palanque
onde também vomito
coisas que  sinto.
 

Suzette Rizzo_October 09, 2012
Entre abismos e piranhas
Suzette Rizzo

Deveria não ser assim,
mas, o mundo é um fazedor de almas
maledicentes,
complô causador de ausências
a cada instante...
Sinto o tempo ir passando,
levando aqueles que amo
e esse choro é constante !

Vivo entre fantasmas...
seres que não desatam
dos  pensamentos.
Porem, não fosse lembranças,
nada mais seria par
do enfastiado isolamento.

Deveria não ser assim,
mas, o mundo é o abismo
da vida involuntária...
piranha que estraçalha,
o mal que expulsa o amor
por frestas da alma,
obriga a vida a se aboletar
como um bicho
temeroso da própria fauna.

E se tenho um questionamento,
é ele o resultado do tormento
nas profundezas de mim.
Deve haver um motivo,
paralelo talvez ao carma,
esses efeitos das causas...

À que vim, não sei...
Só sei, não deveria ser assim.
E neste momento abomino
a dor que tenho sido e tido em mim.

Suzette Rizzo_ January 18, 2006 

Dolorosa soltura
                           Suzette Rizzo
 
 
Pensamentos congelados os dele,
cortando de frio os meus, uivados,
tamanho vazio alastrado.
 
Era ele, uma passagem
despercebida
entre noite e madrugada
e eu, apenas observava...
 
Meu coração se debatia
querendo um meio, a fuga,
quando o rosto disfarçado de candeia
mostrava a boca sem risos.
 
Nem mesmo supus que a leveza
fosse fogo que crepita
e aquela imensa alegria
fosse maldade escondida
 
E eu, que comecei levitando por
céus noturnos,
despenquei-me do monte,
lá do pico,
 
direto ao vulcão das desilusões maciças
em plena atividade homicida
                                                                    Suzette Rizzo_

Moonglow - Rod Stewart

Por Favor

O nascer da poesia
Suzette Rizzo
 
É verdade...
Poesia brota da alegria
da tristeza,
da indignação,
de qualquer mísero pingo
da alma correnteza.
Estranho, mas brota da incerteza,
do medo,
da carência e solidão,
da janela aberta para a feiura do inverno
ou à luz do sol de verão.
 
É verdade...
Poesia nasce do grito de agonia,
da ansiedade, do desejo, da euforia,
na noite descabelada
de uma crise-depressão.
Nunca foi somente flores, amores,
incríveis paixões
e nunca, apenas as tormentas
das grandes desilusões.
 
Poesia é torrente de palavras
encaixe de versos ou não.
Poesia, simplesmente é.
Não importa como escritos
esses sentimentos crepitantes
ou nascidos nas baixas marés.
 
Poesia é experiência da alma
cantada ao rítmo do coração.
No entanto, o mais importante
é a semelhança ao nascer de estrelas,
rebrilhando o céu das noites
das nossas sensações.
 
Parece até que os astros surgem
da poesia nascida da mente,
como divino presente
àqueles que sentem.
Mas, não importa como nasce...
Inexplicavelmente nasce,
do dom as vezes instável,
que vai e que vem.
         Suzette Rizzo
BOA NOITE, AMOR 
Suzette Rizzo

Boa noite, amor,
que se deita quase manhã
e descansa como um saveiro,
quando enfeita o mar e a praia...
Que embeleza a minha sala
e dá vida a esta alma
que morreu a noite inteira.
 
 
Boa noite, amor,
que jamais será meu,
nem que todos torçam por mim,
nem que eu faça mil figas
ou leia sempre a Bíblia,
abra o jogo e me entregue
em cada poesia!
 
 
Boa noite, amor,
que espontaneamente diz
o que tanto dói ouvir...
Que só me faz sentir tristezas,
mas, sempre me recompensa...
Quando entra em meus sonhos
e alenta!
Suzette Rizzo 
BEM VINDO
Suzette Rizzo
Bem vindo ao meu exílio...
A este espaço inda vazio,
de qualquer florinha
miúda...
Da esperança graúda
do amor que cuida ! 


Bem vindo ao meu coração,
à carência que te acolhe,
as mãos que entregarei,
quando as tuas 
se estenderem,
retirando-me desta morte !



Bem vindo ,amigo !
A esta vida renovada
com  tua presença...
Trocaremos idéias,
palavras, afagos talvez...
Se o destino quiser nos unir,
quem sabe, de vez !

Seja bem vindo aos
meus olhos
e que eu seja aos teus...
Bem vindo ao meu coração,
a  minha alma ...

mistura-te a ela
e, talvez, sejamos eternamente
expulsos...
deste nosso mundo solitário,
abrigo de tantas lágrimas

e ervas daninhas !
Gemidos
Suzette Rizzo

Geme comigo o mar
e as árvores sopram tristezas
viciadas.
Na calçada algumas folhas
perto do banco solitário
aguardando-me a chegada.
Abro o pequeno bloco
de poeta
e com caneta rabisco
o que vem da vontade.
Rasgo em seguida.
Nada que não tenha escrito
nestas tardes aborrecidas,
em que a companhia do mar
espuma versos vencidos.
Melhor mesmo,
é ouvir o som das ondas
a gemer
em dueto comigo.

Suzette Rizzo
Amor sereno
Suzette Rizzo
 
 Deite a cabeça em meu colo,
quero fazer-te meu filho.
Creio, não importa o ouro
da nossa idade.
Depois, retribua esse amor
fraterno,
melhor que a paixão loucura
e seus frenéticos desejos
nada duradouros.
Tenha amor igual ao meu,
conforte-me, tire-me desta aflição
de aguardar solitariamente
minha vez ao matadouro.
Cante pra mim seus azuis, 
faça-me musa,
mas olhe para os meus olhos,
ouça minhas palavras,
não o quero olho grudado
no decote da minha blusa.
Pode ser amor assim?
Então, venha para mim.
Contra a parede
Suzette Rizzo


Contra a parede,
olhos apertados,
com medo.
Nas minhas costas,
apontando uma arma,
a vida.
No meu sono,
a alma,
engolindo o amanhã.
Hoje não tem poema,
amanhã também não.
Assim asfixiada,
não entra o sopro
da inspiração.
Tento abrir os olhos,
entender que estou só
e que minha imaginação
desordena pensamentos.
E mãos grandes e ásperas
esbarram  em meu rosto,
mostrando o karma gosmento.