10 de janeiro de 2014

TEMPO DESTRUIDOR
Suzette Rizzo        


Foi então
que,  nas margens do silencio,
ouvi bem perto uma voz,
saída de um corpo gasto
que repetia:
Ouvi seu lamento, ouvi !

Olhei a meu redor
e lá estava  nublado e ventania
preparando mais temporal.
Fixei meus olhos no escuro,
desabei medo e pranto e respondi:
Então, age de vez,
de um jeito ou de outro
estou infeliz !

E o tempo arrastou-se nas folhas,
alvoroçando as ondas do mar,
provocando furacão medonho,
executando para mim o apocalipse,
enquanto ecoava:
Pronto!  Destruí !

 Meu anjo cabisbaixo,
arrastou asas feridas,
 deixando a casa bombardeada...
e ele, meu ser, sobra estressada,
sombra desmaiada, quase apagada,
 ainda restou aqui!

Desde então, moro entre  estilhaços
que o tempo fez...
Abandonada entre sonhos
esmigalhados,
todos eles, de uma vez.

Suzette Rizzo


A uma rival

Suzette Rizzo

 
Ego inflamado,
desse que se alimenta
da fragilidade e da carência,
do sentir e do amor das pessoas.
Sereno para ti e para mim,
suave assim como dizes e daí?
Eu não vejo desencontros e encontros
Eu sei que nada terei
e tu, crês que sim?


Friday, January 10, 2014



Rasputim
Suzette Rizzo



Há em mim sensações indefinidas,
um banquete farto de carências,
cujos penetras nem de longe
meus semelhantes,
chegam mansos, mascarados,
trazendo-me a brancura das
margaridas
e enlouquecem-me depois
multiplicadamente. 
 
Pareço hospede de um castelo
povoado de mistérios
em todos os aposentos...
Pareço-me ainda mais,
a uma célula em plena fuga,
prestes a ser engolida,
pelas surpresas macabras
da minha própria vida. 
 
São confusos os sentimentos...
acorrentam-me para que me perca
porem, não fuja, vença temores,
mas, esfomeada de vida
coma apimentadas dores
e, sedenta,
embriague-me de sonhos,
para amamentar a alma. 
 
E em meio a tanta desordem,
surge um anjo em andrajos,
pelo qual sinto ternura
e desejos de luxuria...
É mais forte a boa índole,
parecem sólidos os princípios morais,
porem, quase despenco do muro
direto aos seus restos mortais. 
 
Então, pobre de mim ,
como e bebo esperanças,
estufam-me...
alojo-as  na alma boba e não percebo ...
Há um ninho de seres vampirizados
disfarçados,
como  corvos agrupados,
de bocas e olhos arreganhados,
enfastiando-se das minhas lágrimas. 
 
E o anjo, finge pulverizar a mágoa
alojada em minhas costas,
afastando toda a dor.
Mas, em troca ,deseja tudo de mim
e não quer receber sobras...
Tarde demais percebo o engodo!
Esse anjo não é monge ou querubim...
fez teatro, estrago, enganou-me...
veio do umbral o Rasputim.
Suzette Rizzo