4 de janeiro de 2014

Amor de Poeta
                         Suzette Rizzo
 
Amor de poeta é azulzinho
Tem céu em vez de teto,
nuvens nos lençóis,
asas nos braços,
menos peso no corpo,
mormaço...
 
Amor de poeta tem som
noite e dia
e a saudade, tem lágrima sentida
de santo errante.
Amor de poeta é amor-sentimento,
transa de poeta é prazer de anjo
no cosmo flutuante.
 
Poeta quanto ama explode artifícios,
acende estrelas no ar,
faz da lua o santuário,
fala espanhol,
é caliente como o sol!
 
Poeta ama assim
com aroma de jasmim
exalando no suor.
 
 
 

 

Carências
Suzette Rizzo
 
Bem poderias
trocar o creme de barbear,
mudar o creme dental,
deixar o cabelo crescer,
ser poeta...
Bem poderias
beijar  ardentemente,
usar as mãos de modo
mais apaixonado,
mostrar-se mais amante
menos macho.
Bem poderias ser outro abraço,
ter outro papo,
tocar violão, cantar pra mim,
mudar um pouco.
Ah! bem poderias ser 'o outro'...
Eu bem que gostaria!
Falta de ar
Suzette Rizzo
 
Que emboscada!

Nessa hora queria asas,
quatros patas,
ser rio de corredeira,
nuvem apressada.
E nem a chuva lava,
nem a vida passa
ou essa coisa desmaia.

Estou enredada
feito um peixe semimorto 
de boca aberta,
pedindo socorro entre soluços
espetada em quatro arestas .

Não morro...
mas desespero-me quando a boca fecha.

Esse mundo é um soco no meu nariz,
cúpula fechada, refluxo...
E ele o que é? Astuto ou aprendiz?
Só sei que atrela sem motivo todas elas
e quem já é tão infeliz!


Sunday, January 05, 2014
Sempre quis saber
Suzette Rizzo
 
Sempre quis saber o porque
daquele abraço repentino,
do olhar acomodado,  
a sugar o meu de carinho.
 
Sempre quis saber
se alguém desfaleceu com mero olhar
ou já sentiu total invasão a intimidar
 


Sempre quis saber
se alguém caminhou por ruas perigosas,
entrou em locais  arriscados,
a procura do olhar telepático, de quem reclamou presença.
 
Sempre quis saber se alguém amou assim, antes e depois...
Se alguém, se entregou de alma
sem que o corpo se entregasse.
 
Sempre quis saber, se alguém já conheceu,
quem na verdade ninguém decifra
ou provou como eu, tudo e nada na vida.
 
Sempre quis saber se alguém conheceu
um anjo vestido de negro
ou uma alma do avesso.
 
Eu sempre quis saber, mas nunca soube;
Se aquele amor foi paraíso
ou infernos que mereço

 
MISTURA DE DORES
                          Suzette Rizzo


Qual palavra,
fortificará meus ouvidos cansados
de tantas mentiras?
De quem, o calor capaz de abraçar
a minha fragilidade
e restaurar o quebrado da minha essência?
E tive, sim, um escudo... forte como aço,
invencível em qualquer batalha.

Derreteu-se, no fogaréu das más ações...
Fugiu na água jorrada lá do meu fundo!

Estão desfeitas todas as coisas vagas
e aquelas concretas,
que eu via através da vidraça
e de dentro da redoma,
geradora de sonhos paradisíacos,
que então, transformaram-se em bruxaria,
e mais tarde implodiu no peito
como bolhas de asma!

Ah, os sonhos!
Derramando maças vermelhas
pelo meu caminho!
Jamais retornarão ou povoarão
o interior angustiado...
nunca mais, daquelas delicias...
Porque a raiz da minha macieira,
foi arrancada,
o furor do vento quebrou-me as asas,
uma águia deglutiu-me a fala...
Para que eu não possa conquistar espaços,
nem gritar socorro,
neste silêncio que eu faço!
Suzette Rizzo

















 A vida e eu
Suzette Rizzo

O mar é uma poesia,
mais ainda quando a vela do barco tremula
ao sol crepuscular.

Estrelas são poesias
reluzindo os mistérios do infinito.
Que bonito!!!



Vento é poesia!
Já ouviste o vento calmo
cantando baixo aos teus ouvidos?

O éter, as folhas que balançam,
um olhar, um sorriso, os pássaros,
os peixes e animais, não são magia?

A vida é um poema,
cada uma das nossas vidas,
cada lágrima, cada saudade...

Tento um verso na estrofe,
capturá-lo do melódico infinito
ao poema nem metade

Realidade triste, inspiração fraca
quando os sonhos de amor não sucedem
e se cegam a via láctea.
                                       Suzette Rizzo


Eita!
Suzette Rizzo

...e vou seguindo meu caminhozinho,
sem qualquer novidade.
Acordando manhãzinha,
respirando os ares do meu quintal,
arrancando o mato atrevido,
ouvindo o latido dos meus cães,
todo dia, tudo igual.

A paixão, aquela, já foi pro espaço,
o anjo lindo fugiu pro céu,
encantar quem lá está...
E tal previu o pai de santo,
amor mesmo, nunca mais!

Como diz meu ex mineiro:
‘Eita’ tédio aborrecido,
maltratando o pensamento,
noites e dias inteiros.
Eita, vida burocrata, chata, cansativa,
combinada comigo.

E hoje, pra completar,
nem lua, nem sol,
inspiração melhorzinha,
nada, nada...
Nenhum faz de conta que o vazio
vai passar depressinha.

E essa maré baixa
quase sem onda,
distante, distante...
 nem enxergo de tão longe,
até parece a vida minha.

Eita, caminho bravo!
De pedregulho,
machucando meu orgulho,
mostrando o quanto é inútil,
querer ou tentar mudar . 

Nenhuma vitória,
nenhum par nesta corrida maluca.
E como disse o pai de santo
num 31 que findava,
eu sou filha de Iemanjá.

E quem é, disse-me ele:

"num dianta não fia, num chega lá!”...
Do jeitinho que eu gostava
Suzette Rizzo

Sinto como se fosse hoje
o contato da sua boca
e a estranha reação.
E vejo em meus olhos quando lembro,
o mesmo brilho que vi nos seus.

Quem era você ou quem fui
naquela louca madrugada
não importa e nunca importou.
O fato é que sentimos livremente
um pelo outro,o mesmo torpor

Depois, encontrei sua voz
do outro lado da linha
e você nem reconhece a minha
pois consegui em dois dias
rouquidão emocional.

Mas descubro que preciso do simples
dos beijos que senti,
guardei
e nunca nesse tempo todo
por mais distante que estivesse
esqueci.

Incrivelmente, naquela noite,
atirei meus princípios na sarjeta
junto a dor que me apunhalava
E entre beijos, sem qualquer toque atrevido,
nosso olhar fez amor
do jeitinho que eu gostava.

Suzette Rizzo_
Putz!!!
Suzette Rizzo

Uma é mulher e a outra será.
A outra, a que se foi,
ele implora no poema
e cavalgando voltará.
E há aquela que preferiu a igreja
e foi atrás de Jesus,
mas lembra sim do carcará.
São tantas que o fogo apaga,
pra quem assiste e pra quem existe...

A outra apenas se exibe, exibidora será.
Logo a pele envelhece,
o corpo também, o tempo voa...
Sobrou a mulher persistente
e a novidade que virá.
E eu? Uma voz vem de longe
e cochichando me responde:
_Sobrarás!


Saturday, January 04, 2014

Run to you

Tantos pensamentos
Suzette Rizzo

 
Solitários, enigmáticos...
Aconchegando frases filosóficas,
dicas cósmicas, conjecturas.
 
Debaixo do sol,
sentada numa grande pedra, penso,
invoco respostas para as minhas dúvidas.
 
Ouço de mim deduções
e deslizo sobre o papel palavras,
dirigem-se elas a lugar algum.
 
Recolho-me
e somente na penumbra da minha solidão
o silencio responde algo...  indecifrável.
Sonhos?
Suzette Rizzo

Sonhei algo embaraçado,
rumei terras distantes.
Adentrava campos de esmeralda,
solo forrado de folhas vivas,
insetos que os pés não pisavam. 
Os bichos cercavam-me a alma
cantando canções de acalanto...
ouvia-lhes
a voz de amor aos quatro cantos.
Acima da cabeça estrelas móveis,
mescladas,
reluzindo chuvas de outono.
No rio meu reflexo
não  mais de desencanto.



Por dentro a alma serena,
meu signo descansando as patas,
o cachorro lambendo-me as mãos
e uma rua de casas brancas
era a minha  direção.
Sentei-me na pedra lisa
e um duende coroou de flores
minha novíssima vida.
Alguém me sorri
e lê um poema místico...
Acordei perfumada do incenso
que não acendi.