A
morte do pássaro-poeta
Suzette
Rizzo
Escreveu-lhe
um dia:
(Lá
vai ele com seu vôo de pássaro raro
e
ela observando seu revoar,
ouvindo-lhe
o canto manso e doce,
atraída
pela plumagem
se
achegando mais e (mais).
E
se debruçava no poema,
antes
tentando decifrar conteúdos,
depois
catando palavras,
lendo
e fazendo na verdade
palavras
cruzadas.
Notava
mulheres exibindo carências,
encostando,
roçando...
abrindo
problemas,
fingindo
entendimento,
não
percebendo o degrau,
querendo
ou não, tropeçando.
E
ela continuou deitada sobre o poema
temendo
os corpos acesos das outras
enquanto
lia a ardência dos temas.
Mais
alem, começa a eliminar versos,
a
bagunça dos versos que dizem nada.
No
centro, uma ou outra palavra-resposta
onde
todas se encontram
ao
sabor da falsa hóstia.
Meses
de revoada,
meses
insones, alguns...
e
os olhos semi cerrados, dela, se abrem.
O
pássaro tomba, o olhar seca
e
acontece algo inusitado:
Os
poemas se enterram
no
túmulo dos sonhos,
o
portal se fecha e se dissipa por dentro dela.
Finalmente
mira a magia
e
mata o poeta.
Suzette Rizzo
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