19 de dezembro de 2013

Raro
Suzette Rizzo

É raro o alaranjado das nuvens
e a lua quase cheia, tão perto da calçada.
Raro que eu beba
ou tenha nas mãos
uma latinha de cerveja.
Mas é comum que eu espere das nuvens
o desenho do seu rosto a noite inteira
e queira sentir o gosto 
da saudade rotineira. 

Não raro que me lembre
da presença
e das palavras que ecoam nítidas
ainda em meus ouvidos.
Não raro que as lembranças
desafiem sentimentos
e eu entorne da alma o liquido
dos meus teimosos lamentos. 

É raro, só meu
esse amor tão confuso,
maduro, sempre alento...
Obrigando-me a sonhar
no parapeito da janela
sempre aberta...
sob o sereno que chora em mim,
pendências de um tempo ruim.